Não se engane, meu amor: não ache que eu nao penso em você. Cade velha diva do Jazz, cada pop genérico, me fazem lembrar de ti. Cada Indie ou folk me trazem tormentosas lembranças. Eu e desabo quando procuro você no tal rockprogressivo. O pior de tudo é constatar que você me roubou a minha banda favorita: não consigo mais ouvi-la sem associa-la a você. Nunca vou poder dedica-la a outro homem, pois ela era nossa e agora é sua.
Mas nessa sua cabeça fechada, nesse teu gosto musical tão restrito você nem desconfia de todas essas músicas que eu te dedico.
São coisas assim que fazem os relacionamentos não darem certo, sabe? Enquanto um faz barulho e precisa ser ouvido, o outro só consegue ouvir silêncio. Não que seja de propósito ou algo do tipo, mas as vezes somos incapazes de saber ouvir, e de saber falar, de interpretar, de sentir.
E mesmo que agora já não tenha tanta importância - ou sentido -, eu me pergunto se um dia conseguiremos ouvir ao barulho um do outro.
Lembra quando as coisas começaram a se tornar o que são
hoje? A gente mal tinha ideia do que já tinha feito e tão pouco de tudo que
ainda iria acontecer.
Naquela noite você não havia voltado e eu aproveitei pra
chorar. Nunca consegui fazer isso na sua frente, me faltava forças.
No dia seguinte, ao levantar vi resquícios da sua passagem.
Só resquícios. Você ainda estava me evitando e entendi o recado. Talvez fosse
melhor assim, pensei. Fui beber algo, meio que para me acalmar, escolhi água
mesmo, era mais fácil. Mas a água desceu difícil pela minha garganta, parecia
tão pesada. Estava tão difícil de engoli-la, e também o choro, os soluços, as
lágrimas...
Nem me preocupei em tomar banho, só queria sair daquela
casa. Troquei de roupa sem nem saber que peça estava usando – só puxei a
primeira calça e a primeira blusa que vi – prendi meu cabelo mais do que
rapidamente e agarrei a bolsa. Sai sem nem me permitir olhar o computador, o
telefone ou o celular. Bati a porta baixinho pro barulho não me denunciar, como
se eu tivesse medo que você pudesse ouvir e interpretasse o desespero dos meus
atos.
Por tantas vezes o final nos parecia eminente, não é mesmo?
E nelas todas demos a volta por cima.
A semana passou rápido, havia muito transito, muito o que
ler, estudar, trabalhos a fazer. E nem deu tempo de pensar em ti. Obvio que não
havia te procurado e comecei a me preocupar com as minhas escolhas. Você também
não tinha vindo atrás. E ao procurar seu perfil, aflita, notei que sua vida
seguia, como se você não tivesse perdido nada e nem ninguém. Sua risada ecoava
na página, as brincadeiras – agora com outras pessoas – permaneciam ali. Eu não
fazia diferença ou falta.
O nervoso me dominou, a única coisa que me restava fazer era
aceitar. Minha válvula de escape foi sentar num barzinho bem nojento e beber
quantas eu consegui. E depois fumar todos os cigarros que eu havia te prometido
não fumar. E então mais tarde – já em casa – tomar todos os remédios que eu não
podia tomar, como você odiava que eu fizesse, com medo que eu morresse de
overdose.
Não morri, como todas as outras vezes, mas no dia seguinte
minha cabeça rodava e só de respirar eu sentia vontade de por minha alma pra
fora. Graças a Deus era sábado. Passei o dia na cama, não comi nada, tomei água
forçada. Liguei o computador só pra poder ouvir aquelas músicas do Esteban (Ou Abril) que eu tanto gostava
de ouvir quando tudo estava ruim.
Quando começou a tocar ‘Sua canção’, meus olhos se encheram de lágrimas. Jurei a mim mesma que as conteria, mas foi em vão, quando a frase ‘Vou esperar por você em todo lugar, mesmo sabendo que não vai voltar’ se fez presente no meu ouvido. Desabei ali. Num choro tão forte e tão amplo que fiquei sem forças. Achei que seria melhor mudar de música, e começou a tocar ‘Mundo’. Senti minha garganta fechar, não queria ouvir as estrofes que viriam em seguida. Quando a voz do Tavares pronunciou ‘E quando penso em tudo que eu perdi por não dizer o que eu queria’ senti em minha alma que havia perdido você, por não ter te dito tudo aquilo que estava preso em mim. Desliguei o som, mas o silêncio me agoniou. Troquei a música e pus o som de volta, estava bem na parte do ‘E quando for voltar me diga quando vai chegar. E quando for partir esqueça de se despedir. Eu só não queria dizer adeus..’
Cheguei à conclusão de que qualquer música que eu colocasse me faria pensar em ti de alguma forma, mesmo que não fosse do Rodrigo Tavares. Até no nome do artista você estava, faça-me o favor.
Fechei o computador, desliguei as luzes, baixei a cortina. Resolvi ficar ali, trancadinha – não necessariamente no meu quarto, mas dentro de mim mesma, dentro da alma – na espera do final de toda a nossa história.
Tão falando por ai que tu tá balançada, guria. Me deu até um
tremor na espinha quando eu ouvi falarem isso. Já até imaginei o pior, afinal
se é contigo coisa boa não é.
Diz que é mentira, vai. Não quero te ver sofrer outra vez
por um homem bom, mas que de tão bom que é não serve pra ti. Diz que está
balançada mesmo é por um cafajeste desses qualquer. Um daqueles bem toscos, daqueles
destruidores.
Ah não, garota, não se deixe levar assim, não permita tal
coisa, vai. Volta a si, acorda. A gente sabe como vai ser o final dessa história.
Se já estão todos certos, se já está mesmo tão aberta assim
para ele, corre e tranca essa fechadura, menina – aproveita e tranca duas vezes
– por que se ele entra, tu já era.
"Sabe, eu nem sei direito. Quem sabe por efeito eu tenha feito algo assim e ai de mim. Você com suas promessas e eu com a minha pressa, a gente fez errado, a gente se feriu e você viu. Se assim viesse, de um modo mais alegre, de um jeito de quem fica e vive a vida, mas não. Não sei se você viu, mas aquele dia se perdeu. O tempo, como um vento, varreu daqui de dentro tudo o que você deixou. Vai, mas vai de um jeito que cause menos efeito. Mas não se arrependa, não haverá emenda pra restaurar o que você deixou pra lá. Quem vem de lá não vê o certo, o incorreto não importa, as minhas portas estarão fechadas pra você. Sei lá, você quem disse pra que eu me despedisse sem deixar choro no ar. Pra acabar com o que há de amor e esquecer que houve dor, que te fez buscar coisas ou pessoas certas, ou erradas, que me fizeram ser boa demais pra amar você."
Estava tarde, uma tarde que já durava quase trinta anos. Maria
conhecia Rui há tanto tempo que já nem sabia mais quanto. E como o havia amado.
O amou quando o viu pela primeira vez e persistiu amando-o até a última vez que
o viu. Mas isso nem sequer passava em sua cabeça agora. Nunca pensara que a
vida havia lhe reservado tantas coisas, de formas tão coesas. Na verdade, a vida fora cruel com ela: deu-lhe
o amor de sua vida, mas não deixou que eles ficassem juntos.
Por motivos sádicos do destino, ela casara com outro homem,
tivera seus filhos, ficara viúva, tudo num período muito curto de tempo. E Rui
seguiu sua vida, tal como ela.
Até que um dia, por uma ironia, se reencontraram. E como uma
explosão, aquele amor tão antigo, tão grande, que estava tão adormecido, se
tornou vívido, se tornou forte novamente.
Mas já havia se passado tanto tempo: A vida tinha
acontecido, tanta água já tinha rolado, Maria tinha seus filhos, Rui ainda
casado, tendo sua família, tendo uma imagem construída a manter, que seria tão
trágico destruir, até mesmo se fosse para dar vazão a um amor tão forte.
Tentaram se afastar novamente, com toda a força que havia em
seus corações. Mas haviam esperado tanto tempo por um raio de felicidade real
em suas vidas que essa tentativa não durou muito, não durou nada.
No primeiro reencontro, marcaram em um café em Ipanema e conversaram
tanto: Maria contou como foi difícil ter de deixá-lo, como seu marido fora um
homem bom, mas ainda assim não tão bom ao ponto de fazê-la esquecer dele. De
como ter ficado viúva a fez pensar ainda mais no antigo amor. Imaginar se ele
ainda pensava nela. O homem, contou – com orgulho – dos filhos e seus feitos. De
como sentia falta da cumplicidade da antiga amada, que sua mulher – afinal,
quando os dois se conheceram ele já era casado há alguns anos – como sempre
nunca lhe dera nenhum suporte ou carinho. Que pensara em Maria em todos esses
anos, reservando a ela o seu amor mais puro, o seu carinho mais forte, os seus
sonhos mais intensos.
Ela já com quase cinquenta, ele entrando na casa dos
setenta. E isso nada mudava. Sentiam tudo tão forte quanto quando tudo começou,
há tantos anos atrás.
No segundo encontro, marcaram num antigo cinema da zona sul,
e quando as luzes se apagaram, Rui pôs sua mão por cima da de Maria. E quando
as luzes se ascenderam, no final do filme, o flagrante de um beijo apaixonado
entre os dois amantes.
Daí em diante eles se encontravam todos os dias, em um antigo
hotel, no centro da cidade, onde décadas
atrás já haviam se encontrado tantas vezes.
Três horas da tarde,
em ponto, no quarto vinte e cinco do
hotel Linda do Rosário. E assim se foi um ano de encontros diários, de
promessas apaixonadas, de declarações românticas, de beijos e caricias que
tinham como propósito recuperar tantos anos perdidos, pôr todo aquele amor em
dia.
Nem imaginavam aquele dia fatídico. Nem imaginavam que conseguiriam
pôr seu amor definitivamente em dia, sem pausas, sem quem os atrapalhasse, sem
quem os interrompesse.
Foi na tarde do dia vinte
e cinco de setembro de dois mil e dois. A tarde já estava quente, e Maria e
Rui acabaram chegando um pouco mais tarde do que de costume ao Linda do Rosário. Pegaram o quarto de
sempre e se despiram, deitaram de frente um para o outro, cada um com a palma
da mão sutilmente colocada por cima do rosto do outro. Declararam-se, como
tantas outras vezes, com um fervor ainda maior. Estavam felizes por estarem
juntos.
Foi então quando o quarto tremeu de leve e um pedaço da
parede se soltou e caiu no chão. Os dois continuaram calmos, não se levantaram da
cama, apenas deram as mãos, ainda em transe no próprio amor.
Alguns minutos depois o quarto tremeu ainda mais forte, e
nesse momento Rui já sabia o que os esperava. Não tardou muito para que o
interfone do quarto tocasse, todos os funcionários sabiam que eles estavam ali,
como todos os outros dias. Mas continuaram deitados, um olhando para o outro, em
silêncio. Um rapaz foi até o quarto e bateu, gritou, chamou pelos dois,
alertando da tragédia que seguiria: o Hotel ia desabar. A rachadura na fachada,
as vigas já bambas, eram eminentes.
Rui então chegou mais perto da mulher e perguntou se ela
queria se levantar e ir embora. A mulher,
com um sorriso nos lábios, respondeu que não, que de tanto se esconder para poderem
se amar, Deus havia lhes dado à oportunidade de finalmente encontrarem o seu
lugar, juntos.
O funcionário do hotel voltou a bater na porta, chamando os
dois. Rui fez menção de se levantar e falar com ele, mas Maria pediu para que ficasse
deitado ao seu lado e deixasse o rapaz, afinal já não aguentava mais fugir.
O homem então a abraçou bem forte e sussurrou em seu ouvido
que esse era somente “o começo do fim de suas vidas”.
Maria o beijou uma ultima vez, e o apertando ainda mais,
disse ao amado que havia chegado a hora de o amor dos dois finalmente ser
mostrado, ser tornar conhecido, real, aceito. Os dois se juntaram tão forte naquele
abraço que se tornaram um só, e nem a implosão do prédio conseguiu separá-los.
A avenida foi interditada por medo de maiores desabamentos. Os
bombeiros chegaram e o funcionário alertou do velho casal que preferira
continuar no recinto. Levaram sete dias para que o corpo dos dois fosse encontrado, nus, mortos, abraçados no resto do que era a cama em que o amor dos
dois se fez valer. Sete dias para seus corpos, ainda quentes pelo abraço
amoroso, passasse pela avenida.
E da tragédia, uma estrela se fez ver, e eles estavam enfim
juntos no céu.
" Sinto que já passou da hora da gente descarrilar trens, afundar barcos,
trazer ao chão os aviões. Que a marca vire cicatriz, e que todos que
passarem por mim a levem consigo em suas peles, mas que não haja dor. "
Encontrava-se repousando na sala escura, a música devidamente
escolhida ecoava em seus ouvidos, pelo fone. Nunca fora de
ninguém, nunca tivera ninguém também, mas havia se prendido há muitos. Sentia-se
tola, sempre rejeitada, sempre permanecendo intocada, imaculada,
isolada. Se sentia sujamente pura. Imundamente estática. A vida estava
passando por seus olhos e o que ela havia feito? Quais eram suas conquistas?
Sempre fora uma mulher de planos, mas nunca achou que ficaria só na teoria.
Será que alguém sentiria sua falta caso sumisse? Alguém se lembraria dela caso
morresse? Alguém estaria pensando nela nesse exato momento? Ou alguém a havia
amado afinal de tudo? Quem vai saber
essas respostas? Ela não sabia tão pouco ninguém que conhecia. Mas lá fora, -
no mundo, na vida, nas coisas - bem lá fora, havia alguém que sabia as
respostas. Havia alguém que era a resposta. E mesmo sem saber disso ela se
jogou a procura da saída, foi para a vida atrás de alguém que ainda sequer
conhecia ou sabia que existia, mas que iria mudar sua vida.
Venho escondendo de mim mesma, tenho mantido esse fato trancado em mim, fora de questão para que não seja revelado a ti. Tenho mentido para mim. Para nós. Por você.
Mas a verdade é que eu sinto a tua falta, sinto falta de acordar com uma mensagem amorosa sua, das suas gracinhas ao ficar alcoolizado, das horas de conversa, da nossa mutua salvação do tédio por sms. Das sessões de cinema, das músicas compartilhadas, das madrugadas divididas, dos domingos inteiros juntos. Dos segredos, desabafos, cuidados, mimos, do apoio. Sinto falta dos ‘eu te amo’, da presença, da procura. De alguém que amei e que foi embora. E que tenho medo que não mais regresse.
Hoje eu só falo contigo quando não aguento mais de saudade, fico quietinha, falo pouco, tento não incomodar. Faço-me de feliz, acostumada, sem dores, sem remorsos, sem faltas. Falo com você como se fosse outro...
Mas a verdade é que eu sinto a tua falta. Sinto a falta do que me destes e depois retirastes. Sinto falta daquilo que já fomos nós.
A verdade é unicamente essa – sinto a tua falta – e dela se desdobram tantas outras verdades – todas elas da falta que sinto de tudo aquilo que um dia já permitimos nos proporcionar.
Você chegou de uma forma estranha - na verdade eu te fiz chegar de uma forma estranha.
Tudo aconteceu muito descompromissado, conversas avulsas para preencher o tempo. Mas se eu te falar que lá mesmo, quando eu estava viajando, eu já sabia que ia me envolver contigo, você acreditaria? Era fácil perceber a necessidade que um sentia do outro, estava estampado em cada frase que escrevíamos, e como bem me conheço, sabia que, sendo seu propósito ou não, eu acabaria querendo você do meu lado.
Numa noite de segunda-feira, foi no carnaval, eu admiti que estava afim. Você já sabia, mas queria ler com todas as letras. Eu estava com ciúmes de ti antes disso, você estava com uma guria. Ela escolheu como você faria a sua barba. Naquela noite você me disse que também estava afim. Deixei o ciúme de lado, afinal era recíproco. Mas no dia seguinte você estava namorando. Aproveitei uma promessa que havia feito e me isolei de tudo, todos, do mundo, inclusive de você. Mais de uma semana sem te procurar ou responder. Você não estava namorando, era tudo pra fazer ciúmes a sua ex. De qualquer forma isso era bem ruim, por que só mostrava como a sua ex ainda era bem importante.
A história da balsa me consumiu e por isso quando ele me agarrou naquele bar - eu admito - fiquei feliz. Estávamos empatados. E você reagiu de uma forma muito agressiva, enquanto eu só reagi com a dor.
Daquele dia em diante brigas e mais brigas foram nosso mastro. Todas elas idiotas, acho que isso que nos desintegrou.
Mas eu nunca nasci pra viver em algo de dois pesos e duas medidas, e se tinha algo que eu não conseguia admirar em você, era esse teu machismo-hipocrita, que sempre me colocava com o sujeito-mal da sua oração.
Quando eu cheguei a casa ontem - meio bêbada - e entrei achando que você estaria ali, sabe-se lá por que com uma necessidade mais que incomum de ter você e não te encontrei. Você não estava. Te deixei mensagens vergonhosas no chat, sms carentes e sem um contexto real. De respostas recebi o silencio. A vontade falou mais alto – muito mais alto - e eu te liguei. Estourei meus créditos e também meus bônus, mas pelo menos ouvi sua voz, te trouxe um pouco mais pra perto de mim. E por uma madrugada eu achei que você seria finalmente meu. Doce ilusão.
Hoje, mesmo repleta de trabalhos pra fazer, acabei deixando o chat e o MSN abertos, no fim das contas passei o dia todo esperando por você e nada de você chegar. No final dele, quando você finalmente apareceu, terminamo-lo com uma briga. O motivo? Ontem você havia ficado com alguém, e deixou isso bem claro, ao esconder isso de mim. E assim, se deu a minha saga de chutar os paus das barracas, falei tudo, despejei um texto quilométrico e se ainda restava algo, eu o exterminei.
Você ainda veio com aquele papinho mela-cueca de “Você gosta de mim, eu gosto de você, brigamos todos os dias, sentimos falta um do outro sempre, mas isso nunca vai pra frente, sinto que estamos sempre no mesmo lugar e estou tentando me desprender de você..’
Te juro que li isso com lágrimas nos olhos. Não sou tão forte assim quanto aparento ser, sabia? Jurei que ia te ajudar. Traduzindo, que ia sumir, pra que você pudesse se desprender como queria. Mas eu odeio isso. Odeio esses finais mal acabados, esses amores mal vividos, esses sentimentos e vontades reprimidas. Odeio ter que aparecer invisível, ou te apagar dos meus contatos. Odeio escutar meu celular tocando e implorar pra que não seja nada seu, pra que eu não caia na tentação. Odeio o fato de que ouvi tantas musicas pensando em ti, li tantos textos lembrando de você, gastei tanto tempo imaginando como seria estar contigo e saber que tudo isso foi em vão. Odeio recordar que gastei preciosas lágrimas – muitas vezes ocultas – por que brigamos, ou por que você foi indiferente, ou grosso, ou por que alguma doida te tascou um beijo numa balsa lotada. Nem me faça falar das noites que não dormi por sua causa. Prefiro começar a esquecer dessas coisas agora pra não remoer tanto, não me chamar de idiota tantas vezes.
Você sabe, eu jurei que nunca brincaria com seus sentimentos. Mesmo você tendo brincando com os meus, você nunca me fez nenhuma jura, nunca se envolveu perigosamente comigo. Pelo menos de forma realista. E eu gosto de cumprir as minhas promessas, manter a minha palavra, e como te jurei, não brincarei com seus sentimentos, muito menos tentarei fazer deles a coisa mais importante pra mim.
Da mesma forma estranha que você entrou na minha vida, está saindo. A única diferença é que quando entrou, riamos dos peitos. Agora, o meu dói.
Para nós não haveria um reencontro casual, motivado por amigos em comum. Nossos amigos em comum sempre foram falhos. Por que para nós, só sobramos nós mesmos. E até nisso falhamos.
Não teríamos desculpas sinceras e saudades motivadoras. Não teríamos lágrimas intensas, abraços apertados, vozes abafadas no peito um do outro. Não haveria sentimento intenso a ser externado. Seriamos frios, inertes, descuidados. Tão descuidados a ponto de esquecer um dia, que de dois, já fomos um. Se algum dia voltamos a ser ‘nós’ é por que te procurei incessantemente, por que te fiz de meu norte e de meu sul. É por que nunca tinha aprendido a viver pra mim.
Mas e se eu tivesse aprendido o que teria sido de nós? Teria tido você o altruísmo suicida necessário para a busca desenfreada, papel daquele que mais sente amor e menos tem poder? Acho que não. Teríamos sido passado. Teríamos sido somente coisa de um dia.