sexta-feira, 30 de abril de 2010

Raio de Sol - Mariana Machado e Ricardo Fernandes



- Por que eu sou o centro da sua vida? Por que mesmo depois de tudo que já aconteceu, você ainda se importa mais comigo do que com qualquer outra coisa no mundo?
- A gente não escolhe por quem se apaixona, não é verdade?
- Então, se você pudesse escolher, você mudaria tudo?!
- Tem certos dias que sim. Nesses dias eu daria tudo para nunca ter te conhecido. Mas eu só conseguiria ficar sem você se não te conhecesse, por que depois que as pessoas se acostumam com você é impossível ficar sem.
Mas a verdade é que eu te amo. E eu não mudaria nada, por que se essa é a minha cruz, então eu vou carregá-la.
- Eu não te entendo...
- Eu nunca pedi que você me amasse. Por que eu sempre soube que você nunca iria me amar. Mas eu sempre implorei, eu sempre rezei para que ao menos você pudesse ser meu amigo. Que você pudesse corresponder a minha amizade. E eu não sei se acertei ou não, mas eu sempre tive a impressão de que nem isso você conseguiu retribuir.
- Eu sei que eu não fui o amigo que deveria ter sido, mas eu me importo com você, eu gosto de você. Mas eu não a amo do jeito que você me ama.
- Eu sei disso. E por isso muitas pessoas me chamam de idiota pelas minhas costas. E ate mesmo na minha cara.
- Mas você é uma idiota.
- Sim, eu sou mesmo uma idiota. Por que você esta ai, falando de uma forma sutil que não quer que eu me importe com você, que vai embora e eu estou aqui, mantendo tudo.
- Não. Você esta entendendo tudo de uma forma bem errada. Você é uma idiota por que eu já te sacaniei muitas vezes e você continua me amando. E eu não vou embora. A gente só não vai se ver todos os dias.
- E aos poucos você vai se esquecer de mim e não ira mais se importar comigo. E um belo dia você não vai mais conseguir se lembrar de mim .
- Você acha mesmo que eu seria capaz de fazer isso?
- Não sei, você que tem que me dizer isso.
- Eu nunca vou te esquecer, mulher, você é uma das pessoas que mais amo e é uma das pessoas mais importantes da minha vida.
- Mas você ainda não consegue entender como eu consigo continuar te amando, não é?
- Como você me conhece bem...
- Você me fez e faz chorar muito. Você me fez e faz sofrer muito. Mas você também me proporciona muitos sorrisos. Os melhores momentos que tenho, são ao seu lado. Foi e é carinhoso, quando quer. Você é um puta amigo, companheiro, irmão, confidente, homem; quando quer.
E acima de tudo amar não é apertar um botãozinho. O que eu tenho por você é um sentimento de verdade. Vai durar o tempo que tiver que durar. Um dia, quando esse sentimento acabar; em seu próprio tempo, eu não vou amá-lo mais.
- E nos ainda seremos amigos depois disso?
- Nos sempre seremos amigos. Tenha certeza disso. Mas eu, provavelmente não vou te tratar como eu te trato hoje. Muito dos meus atos estão ligados ao amor que eu tenho por você.
- Esse dia, o que você conseguir se libertar de mim, vai ser um bom dia.
- É, vai ser. Mas eu não vou saber como me portar. Nem comigo mesma e nem com você. Já tem tanto tempo que nos estamos nesse jogo, que nem lembro como é estar fora dele. E também todas as vezes que tentei sair dele, você não deixou.
- Eu sei que a maior parcela de culpa é minha. Mas nunca foi proposital.
- Eu sei, meu bem. Mas mesmo assim esses atos tiveram conseqüências e muitas delas foram de dor.
- E me mata saber que qualquer coisa que eu possa fazer pode mudar a vida de alguém. Que pode mudar a sua vida. Fazê-la sorrir, fazê-la chorar. Mata-me saber que eu já te fiz tão mal, talvez mais mal do que bem.
- Não. Pode ate ser que tenha empatado, mas fazer tão mal assim é impossível. Por que só ao sentar do seu lado, ver o seu sorriso, poder tocar em você, ficar bem com você, você me tratar bem; isso tudo já compensava todo o resto.
Ver a primavera, faz valer a pena passar pelo inverno.
- Acho que eu não consigo valer tanto assim.
- Mais do que você imagina, meu bem. Bem mais.
- Mais ainda assim você vale bem mais. Eu nunca conseguiria ser tão altruísta como você é. Eu vi você se metamorfosear. Você se modificar, crescer. E eu me orgulho disso. Uma pena que eu não seja capaz de te dar aquilo que você quer e merece.
- Mas eu não te peço isso. Então não se lastime, me de o que você é capaz e me fará feliz.
- Eu te darei.
Minha garganta estaria seca, se essa conversa tivesse acontecido antes. Provavelmente ela não teria nem acontecido.
Tudo tem seu tempo e nos havíamos encontrado o nosso.
Nos despedimos e seguimos nosso caminho.
Logo ele também estaria longe de mim, indo em busca de seu destino e eu iria atrás do meu, recebendo pessoas novas em minha vida, como um dia o recebi.
Seu sorriso estaria sempre em minha memória, assim como seu rosto e sua voz.
O céu ainda estava claro, quando sai da casa dele e caminhava ate a minha.
Nos ainda nos veríamos muitas vezes. Eu sabia disso.
Uma amizade como a nossa não poderia simplesmente acabar de um jeito desses: Ainda mais pela distancia.
Nos não ficaríamos juntos. E eu já sabia disso há muito tempo.
Mas também não ficaríamos separados. E isso eu havia descoberto hoje.
Continuei caminhando e tinha um largo sorriso no rosto.
Como conseguimos passar tanto tempo sem essa conversa esclarecedora?
As coisas agora tomavam seu lugar na minha cabeça. Tudo se encaixava.
A primavera chegava em seu auge e o vento sussurrava em meu ouvido, que esse inverno seria diferente. O primeiro de muitos.
Minha casa se aproximava.
E a única coisa que eu tinha certeza era que, no dia seguinte meu raio de sol, já não me abalaria mais.

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