quinta-feira, 27 de maio de 2010
Só Eu - Mariana Machado
Esperei. Esperei. Esperei.
Ele não chegou.
Resolvi voltar para cama. Logo o relógio começaria sua cantoria matinal, acordando a todos.
E ela viria em meu quarto, com todo seu afeto me acordar para mais um dia.
Fechei tudo e deitei.
Por que esconder dela que fiquei a esperar?
Ela não precisava saber. Ele não precisava saber. Ninguém precisava.
Ela não tinha que viver com minhas inquietudes, meus problemas, minhas dores amorosas, minhas lágrimas ralas por decepções já esperadas.
Ele não precisava saber que tinha todo esse poder.
Ninguém precisava.
Só eu. Levando dentro do peito toda essa agonia.
Agonia de vida e de morte. E de amor. Agonia de esperar e não ser esperada. Amar e não ser retribuida. Se encantar e perder o foco. Agonia do medo, da raiva, do ciúmes. Agonia do dia que vem pela frente. Das brincadeiras fraternas. Da necessidade.
Só eu precisava disso.
Então desliguei a luz e me cobri.
Não tardou muito e ela veio, com alguns afagos me acordar.
Fazendo cara de cansada, fingi estar cambaleante de sono, enquanto estava cambaleante de paixão e fingi acordar de um sonho diferente.
- Tudo bem? - Ela me perguntou.
Só balancei a cabeça e fui para o banheiro.
E então um pensamento me domou. Ela sabia!
Teria ela me acordado para vida?
Ela não precisava saber. Ele não precisava saber. Ninguém precisava.
Só eu.
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que lindo. putz! amei, mariana! me vi no texto. lindo, emocionante, tocante e ao mesmo tempo triste. adorei.
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