Por que tinha de ser verdade? Só por que doía?
Sim, era difícil manter uma divisão entre passado e presente, mas era doloroso ver o que eu havia perdido com o passar dos anos.
Era verdade, as pessoas ficavam, pensavam e viviam de maneiras diferentes.
Era o peso dos anos, dos sofrimentos, das lágrimas e das perdas.
E quanto mais velhos ficamos, mais tentamos fazer com que esse peso diminua.
É difícil continuar vivo sem ter nenhuma das pessoas que um dia você amou por perto. É quase impossível.
Um dia o agora se transforma em depois e o depois é complicado.
Não que eu tenha colecionado ilusões, não o fiz. E também não colecionei felicidades. Mas meu saldo é composto de amor, prazer e gratidão.
Acontece que a solidão te rende e mesmo a morte te assolando, ela não te leva.
Eu rezava para parar de respirar, os segundos passavam e eu clamava pela morte, pelo reencontro com meu único amor.
Mas o tempo nem sempre é solidário. E eu permaneci naquele quarto, sozinho, esperando pela redenção.
Respirando, sem ter por quem continuar a viver.
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