Quando acordou naquela manhã as memórias da noite anterior tomaram conta de sua mente. As imagens sofridas e as palavras dolorosas a levaram a um abismo emocional profundo. O pesar tomava conta dela.
Mas estava decidida, como há muito tempo não ficava. Estava decidida a desistir.
Já havia nadado demais contra a corrente e não havia conseguido chegar a lugar algum, somente se cansar e afogar. Mas desistir e seguir com a maré doía mais do que a água salgada invadindo o interior de seu corpo, fazendo tudo queimar.
Em todo esse tempo lutara para continuar sentindo tudo aquilo, para se manter ao lado dele, para que ele a quisesse. Mudou de todas as formas para ficar mais interessante, adaptou-se aos gostos dele para ficar mais atraente, se apegou aos amigos mais próximos para estar nos lugares certos. Mudara tanto, lutara tanto, sofrera tanto e no fim saia de mãos vazias. Era a perdedora daquele jogo, E a outra, a primeira, a vencedora, ficara com ele, o troféu, mais uma vez.
Ficara mas não tardaria muito a desdenhá-lo novamente, como sempre. E em breve o tão disputado troféu estaria na sarjeta, sujo, quebrado e abandonado. E ela temia não resistir a tentar ganhá-lo de novo. Mesmo já sabendo que sempre perderia.
Levantou da cama um pouco zonza. Sentia como se estivesse tomada pela incerteza e solidão. Lembrou das palavras do conhecedor das almas de todos os presentes naquela história: "Quando ele te perder e ela rasgar o coração dele novamente, ele irá te querer, mas então já será tarde demais."
E em seu peito, se perguntou, se um dia seria tarde demais para aceitá-lo definitivamente como o seu maior troféu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário