terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ilegitima Defesa - Mariana Machado


Eu soube, no exato momento em que te conheci, que você seria fatal. Soube disso por que você sempre se boicotava; sempre fora medroso demais para assumir riscos em relação a pessoas. Mas em momento algum me preocupei com isso, não esperava ter contigo uma ligação – ainda mais uma tão forte quanto a que tivemos – e nem que me conquistasse. Mas foi exatamente isso que aconteceu.
E você não fugiu a sua própria regra: destruiu tudo o que tínhamos, pela primeira vez, e sumiu. Fez do meu coração alguns pequenos e frágeis cacos e mesmo que silenciosamente, meu mundo ainda girava por você.
Meses depois você retornou, mas tudo havia mudado, não éramos sequer os mesmos. Ainda assim nos conectamos de novo, talvez até de uma forma mais intensa do que antes.
Mas você nunca poderia aceitar isso e como o bom medroso que é, fugiu novamente, antes que eu realmente me tornasse algo, antes que a rotina mutua realmente batesse em nossa porta, o que sempre foi o seu maior medo.
Então se encheu de desculpas esfarrapadas, sem sentido e se foi, pela segunda vez.
Você diz que irá retornar, mas algo em mim diz que não vai. E meu coração, nessa incerteza, já virou pó, de tão talhado que foi. Surpreendentemente ele ainda continua batendo por ti e só por ti, mesmo depois de tanto estrago. E não há nada que eu possa fazer em relação a isso.
Por que eu sei que mesmo te achando um mentiroso aproveitador, se voltar irei te aceitar de novo, até que parta mais uma vez, até que me destrua aos poucos, até que no fim nada sobre.
É um ato de ilegítima defesa, em que você só agride a quem só lhe dá amor. Em que eu só amo a quem só me faz sofrer.

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