sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tempo ao Tempo - Mariana Machado


E foi assim aos poucos, que parte da fisionomia dele foi se perdendo em mim. É claro que eu ainda podia visualizá-lo, bem mais verdadeiro em meus sonhos, mas eu já não tinha tanta certeza de certos traços em seu rosto.
Ao perceber isso fiquei inquieta, e se minha mente um dia apagasse ele completamente?
Eu conseguiria viver? Será que ele me esqueceria também?
As lagrimas já estavam na superfície do meu rosto e eu sabia que ele provavelmente nem se lembrava mais de mim. E enquanto isso eu estava deixando de viver.
Estava massacrada, desfalecida.
Se ao menos ele me devolvesse minha vida!
Foi aos poucos, mas eu entendi o que aconteceu: eu nunca mais teria minha vida de volta. E muito menos teria ele.
Eu teria que me acustumar com isso.
Naquele momento percebi, que como havia prometido tantas vezes, eu realmente tinha dado a minha alma a ele. E ele tinha todo direito de leva-la embora. Eu só não conseguia entender por que tinha que ser desse jeito.
Um dia, talvez, eu encontraria alguém que me amasse a ponto de me dar a própria alma?
E assim, talvez, eu poderia realmente voltar a viver? Fora tudo o que ele me fez?
Ele não me amou como eu o amei. Na verdade ele nunca me amou.
E constatando isso, consegui finalmente pegar no sono.
E nunca mais acordei.

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