sexta-feira, 30 de abril de 2010

#4 - Mariana Machado


Ela só queria dormir e deixar tudo ir.
A vida havia lhe dado muito, e quando tudo chegou ao final ela só conseguiu ser grata..
Aquela solidão já não lhe era normal, desde que lhe conhecera.
Chegava a ser incomodo.
E a falta de amparo de seus braços fortes ou seu peito frio a deixava em uma perfeita agonia.
Ela não cansaria nunca de o esperar, se fechando para outro homem qualquer.
E ele a levaria guardada na memória pela eternidade.
Quando deixou de viver e se tornou só entre muitos, pode ver que tomou a melhor escolha, nunca nenhum homem a amaria assim e ela nunca conseguiria amar de novo.
Sempre esperando, na cama, pela invasão furtiva, sempre na esperança errante de vê-lo sorrir de verdade, uma ultima vez...

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Ela nunca mais superaria.
Tudo aquilo deixaria uma marca dentro dela, uma marca incurável. Impagável.
Ela levaria sempre com ela, às vezes como uma ferida aberta, outras como uma velha cicatriz.
Mas sempre com ela, seja feliz ou triste.
Um dia talvez, ela se acostumaria com aquilo, porém, enquanto não se conformasse, iria continuar a vagar, esperançosa de que alguém pudesse ajudá-la a fechar a grande ferida.
Alguma hora ela iria perceber, que por maior que fosse o amor, seria ainda pequeno demais para preencher o espaço que ele deixara e curá-la por inteira.
Mas não deveria parar de caminhar, sozinha, relembrando de tudo, poderia ainda ser feliz, porém nunca completa.

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Eu não acreditava no que meus olhos viam, depois de tantas alucinações e pesadelos, eu não me surpreenderia se estivesse maluca.
Mas era ele, eu conseguia sentir seu cheiro e mesmo de longe, eu conseguia reconhecer seu hálito, o mesmo que há quase dois anos atrás fizera com que eu me apaixonasse por ele.
Eu realmente tinha desistido de senti-lo de novo: não que eu o tivesse esquecido, eu só tinha me acustumado com o fato de que nunca mais o veria.
E la estava ele, na minha frente, avançando para falar comigo.
Eu fechei os olhos e pedi para que ele fosse embora.
Como a vida é engraçada, eu passara o ultimo ano, pedindo para te-lo de volta e quando me acustumo com sua partida, la esta ele, como um desejo mal-feito. Era crueldade dele e da própria vida fazer isso.
Logo ele estaria partindo e me deixando de novo. E a dor seria maior.
E dessa vez eu sabia que não teria chance nenhuma de me curar.
E muito menos de sobreviver.

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Quando meu pai, me viu, presa pela cintura nos braços dele, abriu um largo sorriso.
Naquele tempo que havia passado, ele havia visto minha recuperação, mas sabia que sem ele ao meu lado, nunca seria completa, como a recuperação dele não havia sido, com a ida de minha mãe.
Mesmo ele tendo certeza de que eles nunca mais voltariam a nossa cidade, ou que nunca tentariam fazer algum tipo de contato e mesmo me pedindo para esquecê-lo, sei que ficou Feliz por vê-lo ali. Por ver que eu não teria o mesmo fim que ele.
Eu deveria ser grata ao meu pai, depois que meu amor se foi, ele foi a única coisa que restou. Sei que se não fosse por ele, talvez não estivesse aqui para vê-lo retornar.
Eram os dois homens da minha vida.
Num lampejo vi meu pai piscar para ele, e parecia que o tempo parara.
Nada, nunca mais seria como antes, de hoje em diante, eu tinha certeza que seria tudo mais fácil.
Eu tinha certeza, que com ele ao meu lado, nunca mais teria incertezas.
Ele era a razão. Mental e existencial.

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