sexta-feira, 30 de abril de 2010

#3 - Mariana Machado


Sempre tive fascínio por pessoas, fui do tipo que fazia amigos muito rápido, porém quando os fazia os amava verdadeiramente.
Mas havia algo que me fascinava mais que pessoas: As palavras. E era no conjunto delas que me escondia e procurava forças.
Eram as palavras que me curavam das dores provocadas pelas pessoas...
Palavras sempre foram meu refugio, meu consolo e minha salvação. Sempre me deram paz.
Palavras seriam sempre minhas companheiras na estrada que percorri sozinha...

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Tentava se acostumar com o quarto escuro, mas com uma jorrente de claridade.
Seu coração batia fraco, por que estava sozinha.
Tentava não pensar e ia se afundando no travesseiro, a coberta já estendida no rosto.
Acostumou-se rápido demais e dormiu.
No dia seguinte tudo havia se transformado em fumaça e evaporado.
Ainda assim não se permitiu pensar.
Logo ele estaria aqui.
E voltou a dormir.

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Sozinha, mais distante, observava, do ultimo lugar os restantes.
Todos estavam acompanhados e ela só.
Era estranho, antes estaria em companhia de um ou dois, e hoje sozinha, amparada por tristes palavras, pressas em um livro.

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Em seus sonhos, tudo aquilo que havia reprimido até aqui vinha à tona, tudo aquilo que ela se proibira pensar era mostrado.
Ela via a preocupação nos olhos do pai e daqueles que um dia foram seus amigos, e se esforçava para não demonstrar que ele era a única coisa que realmente importava. Esforçava-se para não mostrar que preferia que ele tivesse ficado e todos os outros tivessem sumido.
Aos pouco os antigos amigos já não lhe acompanhavam mais e seu pai se afogava no desespero mascarado da filha.
Ela já sabia que ele não voltaria mais, porém, trazia na cabeça a idéia que ainda o veria entrar por sua janela de madrugada.
Esperou por meses, até que em uma súbita descarga de realidade se deparou com a verdade.
Ela nunca mais o veria.

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Eu te amo, será que é pedir muito que você me ame também? Será que é algo impossível de ser cumprido?
Eu me perguntava isso todos os dias e cada vez mais a resposta parecia fazer mais sentido. Eu era difícil demais, vazia demais e comum demais para ele. Se ele me amasse de verdade talvez tentasse compreender isso, talvez tentasse conviver com isso, mas era pedir demais para o tipo de sentimento que ele tinha por mim e por isso ele partiu tão rápido.
Era como se eu tivesse vivido uma outra vida, e nessa primeira ele existisse. Era como se eu não fosse eu.
Realmente, eu não era eu, ele havia me carregado ocultamente e provavelmente me largado no caminho, eu já não habitava mais meu corpo, minha mente e meu coração.

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