sábado, 18 de setembro de 2010

Realidade - Mariana Machado



Era cedo ainda e a casa repousava em silencio. Todas as luzes apagadas, e somente havia o brilho intenso do monitor.
E lá estava ela, já acordada, já agoniada, na frente daquela tela, procurando alivio. Procurando respostas, procurando um sentido.
Não havia ninguém online naquela hora. E ela não queria ninguém online naquela hora. Ela não iria conseguir fingir normalidade e tão pouco se explicar a todos.
Então era melhor ficar só.

Estava no Orkut, e passava de comunidade em comunidade, todas depressivas. Falando de desilusões, términos, choro, suicídio. Todas abordando dor, agonia, tortura.
Em certos momentos abria sorrisos intensos ao ler uma descrição: Lembrava a ele, lembrava a ela, lembrava ao fim. Lembrava a tudo que lhe aconteceu.
E por alguns minutos se sentia compreendida e amparada.
E então as lágrimas vinham, pra acabar com tudo.

A música ecoava baixinho, guiando o ritmo da solidão e da dor. O cântico romântico e depressivo, calmo e antigo, a deixava ainda mais solitária. Ainda mais questionadora.
E as perguntas eram cada vez piores.

Era hora de obter respostas ou então se calar de vez.

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O que fazer quando eu sei que já acabou e que não há mais volta?
O que fazer quando eu te amo e sei que me amas também, mas que a distância estragou nossa cumplicidade e o nosso carinho?
O que posso fazer se não quero te perder, mas não existe forma de te fazer ficar?
Só posso ver você ir se afastando cada vez mais rápido e deixar ir.

Minha memória sempre foi boa. Hei de torcer pra que sempre seja assim.
Afinal, se o for, terei-o ao menos sempre em minhas lembranças, para saciar a falta que tu me fará, grande amigo.
Agora vá, como quer e como pretende fazer.
Em outro caminho, sei que iremos nos encontrar novamente.

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