terça-feira, 30 de agosto de 2011

Luta - Mariana Machado


Por mais que lutasse - e ela lutava muito - não conseguia de jeito nenhum impedir o fluxo das coisas.
E por mais que se esforçasse para não pensar, por mais que tentasse fazer com que tudo fosse como antes, no fundo escuro de seu peito, ecoava a frase "ele nunca mais voltara.".
Ela sabia que um dia -  quando ele envelhecesse ao ponto de se esquecer dos antigos amigos e entrar em uma rotina familiar - tudo acabaria. Só não esperava que esse envelhecimento viesse antes, com outros fatores.
Sentia falta do calor que ele emanava, sentia falta da procura, de quando ela a chamava de "amor". De como eram íntimos e como ele era carinhoso com ela. Mas principalmente, sentia falta de como passavam tanto tempo juntos. E toda essa falta - que já estava se transformando em necessidade - doía em seu peito.
Mas não conseguia abrir mão dele. A esperança acabava com essa possibilidade.
Por que por mais que ela lutasse - e ela lutava muito -  não conseguia de jeito nenhum impedir o fluxo das coisas: Por mais que se esforçasse, ela não conseguia deixar de amá-lo.

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