domingo, 13 de junho de 2010

Homem de lata - Mariana Machado


Sua intenção sempre foi de brincar comigo, e tinha conseguido. Porém eu tive a sorte de perceber antes que tudo realmente se complicasse. E agora que eu havia percebido, ele não teria mais esse poder sobre mim.

Por que de qualquer forma eu me magoria. Magoada como estou agora. Magoada estaria depois, só que numa escala muito maior.

Se o sofrimento ao menos valesse a pena poderia colocar minha cara à tapa, minha mão no fogo. Mas o sofrimento não valeria a pena. Na maioria das vezes não vale. E esse não era diferente. Por que só um lado estava envolvido.

Seria dificil me desprender dele. Não só pelo fato dele ser interessante e fascinante. Mas também pelo fato de qualquer mínima atenção dele me fazer achar que ele estava se envolvendo também. O que era um erro. É sempre um erro achar que vai mudar, por que não vai mudar. Eles não mudam. Ou são, ou nunca serão.

Mas a dificuldade valeria a pena. Eu ficaria livre de um peso maior. De um sofrimento já visivel. De uma perda de algo que nem cheguei a ganhar. Sofreria, mas tudo passaria com a brisa da manhã a me guiar pela estrada.

Novos caminhos me aguardavam e neles, encontraria outros viajantes sem rumo. Ele estava mais perdido do que eu nessa estrada e por não aceitar, não pode trilhar o mesmo caminho que eu. Eu devo procurar viajantes com o mesmo objetivo final. A mesma rota idealizada. O tempo seria indiferente.

Por que quando um caminho é alcançado, fica guardado pra sempre na memória. Assim como aqueles que nos acompanham. Esses podem até mudar de objetivos e rotas, mas fizeram valer o tempo, a vitória, a vida.

Por esses vale a pena um pouco de sofrimento. Por que a felicidade proporcionada não consegue ser passada por mais nada.

Agora, ele. Ah, ele, não consegue valer nada. Talvez um sorriso amarelo, uma lembraça de um homem fascinante.

Mas um homem fascinante sem coração.

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