Conseguia sentir de dentro de si mesma, sair uma nevoa preta. Há algum tempo ela exalava aquela nevoa. Sempre escura, sempre cabisbaixa, sempre triste. Mais com uma histeria incomum disfarçada de alegria, para que ninguém percebesse seu real estado.
A verdade é que ela estava morrendo. Não estava doente ou coisa do tipo. Na realidade, sua alma estava morrendo.
A alegria de viver havia se perdido no meio do caminho. Os amigos, ela já não sabia mais quem considerar. Sentia-se sozinha o tempo todo, mesmo se estivesse com alguém. Havia um vazio que ironicamente a consumia e a deixava incomodada. Não existia nada na vida dela que a fizesse querer ir além. E nem ninguém que a fizesse querer ficar. Suas ambições eram pré-concebidas, por mais que esbanjasse planos maravilhosos. Uma faculdade, carreira normal, numa área mal paga.
Essa era a verdade: Não tinha quem a amasse, não tinha amigos que demonstrasse ou lhe dessem aquilo que ela realmente necessitava, por mais que deixasse bem escancarado o que precisava. Não tinha nada a que se agarrar. E seus sonhos haviam virado pó há alguns meses.
Sentia-se triste e deprimida. E só se deu conta disso naquela noite.
Não sabia a quem recorrer: O que falar? Quem iria entender? O que poderiam fazer por ela? O que ela poderia fazer por si mesma? Haveria salvação?
Como mudar se nem animo pra sair da cama mais ela tinha?
Ela precisava de um colo, de um abraço, de ouvir um eu te amo sincero, de ter com quem contar de madrugada. Precisava de alguém que a procurasse, precisava de alguém que estivesse ao lado dela sempre, pela própria vontade.
Precisava se sentir amada, amparada, compreendida. Precisava secar o rio de lágrimas choradas sozinha. Lágrimas secretas que ninguém sabia.
Precisava se livrar daquela nevoa, antes que aquela imensidão negra a dominasse e a sufocasse. Pra então só sobrar escuridão nociva dentro do corpo que há tempos já não mais lhe pertencia.
Precisava jogar tudo fora e começar de novo. Se salvar.
E sabia que pra conseguir isso, necessitaria de uma longa caminhada. Com uma luz que veio não sei de onde e nem por que, levantou do seu mundo de conformismo decorado e começou a percorrer um caminho sem volta, mas que poderia ser fatal.
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